quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pesquisadora cria curativo a base de açaí que estimula a cicatrização.

Correio Brasiliense (modificado pela moderação)
Rebeca Ramos
 
Dono de conhecidas e importantes propriedades nutricionais, o açaí acaba de receber um novo aval da ciência. Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) descobriu que o óleo do fruto tem alto poder regenerativo e, por isso, está sendo utilizado no desenvolvimento de um curativo de polivinilpirrolidona (PVP). Esse tipo de curativo, com aspecto gelatinoso e conhecido como hidrogel, já é bastante utilizado em países como o Japão e os Estados Unidos, mas sem nenhum aditivo. Como é rico em água — boa para a hidratação de ferimentos sem grudar —, a pesquisadora Ana Carolina Ribeiro resolveu melhorá-lo adicionando o óleo de açaí, repleto de ácidos graxos essenciais, como o ômega 3, 6 e 9. Assim, ele se torna mais eficaz no estímulo à cicatrização de ferimentos.
 
Segundo a especialista, esses ácidos graxos são utilizados nos processos de regeneração cutânea por possuírem ação bactericida, aumentarem a permeabilidade da membrana celular, promoverem mitose e proliferação celular e auxiliarem no debridamento da pele (limpeza). O açaí também possui grande quantidade de vitaminas, minerais e antocianinas (responsáveis pela cor). As antocianinas estão presentes em quantidade 10 vezes maior que nas uvas vermelhas. Isso é extremamente importante, pois são elas as responsáveis por fazer o vinho ser tão famoso pelos benefícios à saúde — devido à ação antioxidante e de combate os radicais livres.
 
“Essa composição do óleo de açaí fornece grande poder de regeneração do tecido epitelial, por meio da ação antioxidante, hidratante e reguladora de lipídeos e estimulante do processo de cicatrização”, explica Ana Carolina. Ela conta que que o hidrogel enriquecido com o composto da fruta é posto em contato com a pele como se fosse uma máscara. O maior desafio da pesquisa foi unir os elementos aparentemente impossíveis de conectar — a água e o óleo. Foi aí que o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entrou. A pesquisadora utilizou radiação controlada para unir as moléculas e, com isso, formou uma rede que conectou os dois elementos. “Quando submetido à radiação, o PVP fica com a consistência de uma gelatina endurecida”, descreve.
 
De acordo com a especialista, o processo permitiu moldar o curativo no formato desejado e, conforme a dose de radiação, propiciou até a esterilização. Outro benefício foi a consistência final do curativo, que fez com que o óleo ficasse preso dentro do hidrogel, sendo liberado apenas quando em contato com a pele. “Pelo meu estudo, tivemos liberação por até 24h”, diz. Esse tempo permite que o curativo seja trocado apenas uma vez por dia e permaneça eficaz.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Câncer de boca atinge 14 mil pessoas, auto exame previne doença.

DA AGÊNCIA BRASIL
 
Uma forma de câncer pouco falada e que afeta milhares de brasileiros todos os anos também é uma das modalidades da doença mais facilmente identificáveis.
 
O câncer de boca atingiu no ano passado 14.120 pessoas, sendo 10.330 homens e 3.790 mulheres, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
 
Os principais fatores de risco são o fumo, a ingestão de bebidas alcoólicas e contaminações pelo vírus HPV, contraído em relações sexuais.
 
Os dados foram divulgados durante o lançamento da segunda etapa da Campanha Nacional contra o Câncer de Boca, no sábado (15), que ocorreu durante o 8º Simpósio Internacional de Prótese e Implante, que se encerra neste domingo no Rio.
 
Por causa da doença, os pacientes têm diversas partes do rosto atingidas --incluindo olhos, bochechas e orelhas--, o que só pode ser revertido com a retirada das áreas comprometidas e o implante de próteses e tecidos.
 
O coordenador de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Gilberto Pucca, explicou que a melhor forma de se evitar a doença é a prática de hábitos saudáveis, aliada ao autoexame da boca, o que pode ser feito diante de um espelho.
 
"Nós podemos diminuir o número de casos. O esforço que o governo tem feito é que se massifiquem as informações de prevenção, como o controle do tabagismo e das bebidas alcoólicas, além dos protetores labiais para pessoas cotidianamente expostas ao sol. Ao menor sinal de alteração na mucosa bucal, deve se procurar orientação médica ou odontológica", disse Pucca.
 
Durante o autoexame, deve-se procurar por sinais como feridas que não desaparecem, nódulos ou caroços, dor persistente na boca, manchas brancas, vermelhas ou roxas dentro da boca, dificuldade para mastigar, engolir ou mexer a língua, inchaço ou dor no maxilar, dor constante na orelha, sangramento na boca, rouquidão.
 
Na dúvida, o próprio dentista pode ajudar a diagnosticar, encaminhando o paciente ao serviço especializado.
 
Para o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini, é importante detectar a doença nas fases iniciais, pois a maior parte das pessoas --cerca de 80%-- só descobre o câncer de boca nas fases avançadas, o que dificulta o tratamento.
 
Segundo ele, a taxa de mortalidade do câncer de boca gira em torno de 13%, considerada alta para os padrões da doença.
 
"É um câncer evitável e que se for detectado precocemente é curável. A campanha tem o benefício de mobilizar e esclarecer a sociedade de que é importante prestar atenção na doença. O autoexame deve fazer parte de uma campanha global, que também precisa oferecer o serviço odontológico. O profissional que trabalha nas campanhas públicas, como o Brasil Sorridente [do Ministério da Saúde], tem que ser treinado para detectar as doenças que existem, mas às vezes ele não vê", disse Santini.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Profissionais da saúde criticam projeto do "ato médico".

Não fosse o exemplo mais simplista do mundo da representante do COFEN...

30/09/2011 - 11h41
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
 
Uma audiência sobre o polêmico projeto de lei do "Ato Médico" colocou médicos de um lado e psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e farmacêuticos de outro. O projeto foi debatido na quinta-feira na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
 
Enquanto entidades médicas defenderam o projeto, que define os atos que só o médico pode fazer, representantes de outras áreas de saúde criticaram a proposta.
 
Para Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia, o texto destrói a solidariedade entre profissionais da saúde. "O projeto de lei vem para dizer que existe um profissional melhor que o outro", disse.
 
Os não médicos demandam que determinados atos continuem permitidos para as suas áreas. Os farmacêuticos querem garantir que o teste citopatológico --rotina para mulheres nos exames ginecológicos-- não seja privativo do médico.
 
"Quase 60% dos exames citopatológicos são realizados por não médicos. Haveria prejuízo para as mulheres brasileiras", diz Walter Silva João, vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia.
 
Enfermeiros, por outro lado, querem manter a possibilidade de realizar diagnósticos de necessidades do paciente, afirma Cleide Canavezi, do Conselho Federal de Enfermagem. "Não queremos ser médicos, não é diagnóstico da doença."
 
Ela usa como exemplo um paciente com um edema no pé. A ideia, diz Canavezi, é que o enfermeiro possa fazer o diagnóstico e prescrever cuidados básicos, como colocar o pé para cima. Mas o projeto de lei veda a tarefa.
 
Roberto D'Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina, diz que o objetivo do projeto não é fazer reserva de mercado. Segundo ele, o principal ponto é garantir a exclusividade do diagnóstico e do tratamento para os médicos.
 
"Quem pode pagar vai ao médico. E quem não pode? Em 30% das equipes do [programa] Saúde da Família não há médicos. As pessoas estão sendo atendidas, não me pergunte por quem", disse.
 
O projeto teve origem no Senado. Seguiu para a Câmara, onde foi aprovado com ajustes. De volta ao Senado, deve ser aprovado pela CCJ e por outras duas comissões antes de ser encaminhado para sanção presidencial.
 
Segundo o relator do projeto, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), o texto da Câmara é "inaceitável". "Quando o projeto passou na Câmara, houve certa radicalização por parte dos médicos. Nenhuma profissão pode se considerar a melhor."